Resumo | Este trabalho tem como objetivo analisar o efeito da urbanização na dinâmica das chuvas e temperaturas para cidade de Jacareí no Vale do Paraíba paulista. Para tal, foram adquiridos dados pluviométricos, da Agência Nacional de Águas (ANA), e de temperatura, do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Esses dados passaram por um processo de controle de qualidade e então foram utilizados para o cálculo de índices de extremos climáticos para a detecção de possíveis tendências. Os dados de chuva foram agrupados de acordo com sua localização para a criação de séries representativas da área urbana e da área rural do município. Paralelamente à análise de dados de precipitação, procedeu-se com a criação de mapas de uso e ocupação do solo para a cidade, classificando e calculando as áreas urbanas utilizando imagens de satélite Landsat dos anos de 1975, 1985, 1994, 2005 e 2016. Foi utilizado também o teste não-paramétrico de Mann-Kendall para a determinação da significância estatística das tendências resultantes dos índices climáticos calculados. As tendências são consideradas significativas a um nível de 5%. Foi aplicado também o cálculo da inclinação de Sen, que fornece a estimativa da magnitude das tendências observadas. Com exceção dos índices de temperatura, que apresentavam falhas, todos os outros índices tiveram suas tendências testadas. Com as áreas das manchas urbanas para os anos citados anteriormente pode-se perceber que Jacareí teve um crescimento em sua urbanização na ordem de 284% desde 1975 até 2016. Sendo de 89% de 1975 para 1985, 18% de 1985 para 1994, 21% de 1994 para 2005, e 41% de 2005 para 2016. A série criada a partir das estações localizadas na área urbana, para o período entre 1956 e 1989, apresentou tendências significativas nos índices CDD, R10, e RX5day, de -0,19 dias, 0,26 dias e 0,01 mm respectivamente. No período de 2002 até 2015, a mesma série apresentou tendências significativas nos índices CDD, PRCPTOT, R10, R95p e RX5day, de 0,71 dias, 4,93 mm, 0,5 dias, 13,6 mm e 1,09 mm respectivamente. A série criada com as estações da área rural, correspondendo ao período de 1956 até 1989, apresentou tendências significativas nos índices CDD, PRCPTOT, R10, R95p e RX5day, de -0,18 dias, 7,48 mm, 0,26 dias, -1,6 mm e -0,24 mm respectivamente. Já para o período de 1999 até 2012 as tendências significativas analisadas foram para os índices CDD, PRCPTOT, R10, R95p e RX5day, de -1,17 dias, -5,73 mm, 0,33 dias, -14,73 mm e -2,82 mm respectivamente. Apesar de não se correlacionar proporcionalmente ao crescimento da mancha urbana, notam-se comportamentos opostos nas tendências pluviométricas das últimas décadas nas zonas urbana e rural. |